Bukowski estaria bêbado em uma esquina qualquer e Leminski, fazendo poesia.


Mas o meu vocabulário, mesmo que vasto, não encontra mais sílabas que caibam você. Um copo cheio de qualquer bebida barata não é mais capaz de fazer com que eu esqueça das vezes que me disse para não beber. Eu não bebo mais, o álcool não é mais escapatória para o que eu sinto. E eu sinto muito por isso. Leminski no meu lugar, se punha a beber, e Bukowski a chorar. Não é drama de quinta categoria, é desespero. Tudo que eu fazia certo, tornou-se errado, e o que me fazia esquecer o errado, não faz mais efeito. As paredes continuam falando de você, e eu pensava que esse era só mais um dos efeitos do álcool, mas não. Seu cheiro continua aqui, como inspiração para qualquer texto sentimental, mas você não está. Deve estar por aí, em qualquer canto da cidade com a minha blusa e nem percebe. Deixando para trás um passado que te veste tão bem e que não cabe em outra pessoa. Você se moldou para ser exatamente do tamanho do que eu sinto. E me mudou. Hoje eu minto. Minto que te odeio e que você passou. Minto enquanto o amor me atravessa de todas as formas possíveis, rasgando cada canto que parecia estar intacto ou esquecido. Minto quando engulo o choro por não suportar a dor. Minto por dizer que suporto o amor. Minto porque o amor dói, mas a dois é suportável, só que você não está aqui. Minto ao dizer que minhas palavras não são mais suficientes para carregar o peso disso tudo, sendo que, são os seus ombros que sustentam o peso delas. Bukowski estaria bêbado em uma esquina qualquer e Leminski, fazendo poesia, mas eu estou preso a tudo isso. Estou feito criança que não se move sem antes estar agarrado aos braços de alguém, pois não sabe onde pisar sem que se machuque. Estou feito cão sem dono que implora por um pouco de comida e um pouco mais de amor. É como dizia o Bukowski: O amor é um cão dos diabos. Dele, conheço os sintomas e os hematomas, como o Leminski. Do amor, conheço você. Em você, me reconheço.

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