Cada um tem o seu jeito de lidar com um coração partido.


Foi de tardezinha, quase noite, que o seu adeus tocou a parte mais profunda da minha alma, fazendo todo aquele emaranhado de sentimentos e dúvidas, de promessas e certezas, de expectativas e medos se resumirem em apenas uma frase: ela não volta mais. E então eu pude ouvir cada parte do meu corpo se quebrar. As minhas pernas, a minha cara, o meu coração, as minhas pregas vocais - me deixando impossibilitado de gritar - e mais uma vez, o meu coração, que continuou se quebrando até não poder se dividir mais. O barulho era ensurdecedor. Depois de alguns dias, o silêncio tomou conta, era ensurdecedor também. As noites tornaram-se mais longas e frias, e os refrões de Djavan, perderam o sentido. É como dizem, o amor é bonito até alguém te decepcionar, mas você não fez isso, cara! Larguei paixões sentadas para caminhar ao seu lado. Você me virou do avesso e me fez acreditar que esse era o meu lado mais bonito. Rimos até a barriga doer no dia que somamos mais um mês de namoro (mesmo você achando isso ridículo) e no dia seguinte eu morri de tristeza porque era o meu aniversário e eu odeio esse dia. Depois rimos outra vez. E hoje eu choro, desde que você se foi, eles tornaram-se repetidos. Eu choro sua ausência. Escrevo a sua ausência. Você dizia que não se lembrava da última vez que lhe escrevi algo, mas não fazia questão de lembrar que me ensinou a dizer tudo olhando dentro dos seus olhos, que agora, olham para outra direção. E por isso voltei a escrever, por isso voltei a beber. Não dá para ser sóbrio todos os dias tendo um coração partido. Mas depois da ressaca, o que sobra, me dilacera. Por isso escrevo, por isso bebo. Preciso continuar sentindo algo, mesmo que seja a sua falta. Cada um tem o seu jeito de lidar com um coração partido. Mas eu não estou sabendo lidar.

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